quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O tempo nunca volta...

O arco do violino deslizava sobre as cordas num timbre agudo chorando ausências.
Ela escutava-o naquele solitário banco de jardim, sempre que o ocaso gravava a letras douradas o fim de mais um dia.
Tal como quando Joshua Bell tocou numa estação de metro em Washington durante 45 minutos,
sem que quase ninguém se apercebesse da sua presença, também ninguém se apercebia dessas melodias que apenas ela escutava vindas de um violino vermelho, que trazia fechado no coração.
Segurava entre os dedos os acordes de cada momento com uma infinitude tão profunda, que toda a estrutura do seu universo era abalada pelas emoções.
Com elas tecia as memorias de um tempo que temia não voltar mais. O tempo nunca volta.
Ah se ela pudesse suspender as palavras nunca ditas nos olhos, os pássaros beberiam deles como quem bebe da íris de um poema.
Existia um jardim seco à sua volta à espera de florir, para que as borboletas pudessem ganhar asas e o sonho pudesse acontecer...
Existia um banco de jardim vazio dentro dela, um banco feito de madeiras vermelhas, e existiam notas soltas de uma saudade louca, que lhe faziam vibrar partituras na veias, num choro baixinho que apenas ela escutava...

©Margusta Loureiro
*reservados todos os direitos de autor de texto e imagem.

14 comentários:

Marta Vinhais disse...

Mas deixa memórias... Escritas no banco de jardim onde se escutam as melodias do coração...
Lindo...
Obrigada pela visita
Beijos e abraços
Marta

Fernando Santos (Chana) disse...

Excelente....
Cumprimentos

Graça Pires disse...

Que belo texto! As memórias a brincarem com a própria sombra...
Um beijo.

© Piedade Araújo Sol (Pity) disse...

muito belo a tua definição de uma saudade que ainda perdura....

bom fim de semana.

beijo

:)

Jaime Portela disse...

Um belíssimo texto.
Onde tudo se desenrola num ambiente poético muito bem conseguido.
Parabéns por esta magnífica pintura, desta vez feita com palavras.
Margusta, minha querida amiga, desejo-lhe uma óptima semana.
Abraço.

O Profeta disse...

É tudo tão breve
Habitamos as pedras
Inventamos sonhos
Vislumbramos quimeras

Mas, falemos dos suspiros dos pássaros
Falemos de ti
Nas irreprimíveis asas dos anjos
Na noite primeira dos mil encantos



Um radioso fim de semana



Doce beijo

Mar Arável disse...

Aguardo na minha escarpa

Bj

Jaime Portela disse...

E a minha amiga não volta a publicar...?
Margusta, tenha uma boa quarta feira.
Um abraço.

C Valente disse...

Damos tempo ao tempo, o que o tempo não precisa
Saudações amigas

C Valente disse...

pssei e deixo, saudações amigas

Ana disse...

Que voltes !
Saudades...

C Valente disse...

Saudações amigas de quem á muito anda arredado

A.S. disse...

Bato à porta da memória. Escuto apenas o eco das pancadas!

SILO LÍRICO - Poemas, Contos, Crônicas e outros textos literários. disse...

Senti o som do violino
Vibrar na postagem tua!
Parece que se insinua
Como algo tão divino
Como uma luz feita em hino
A nossa alma que sente
Essa luz em som plangente
Qual chamamento de um sino.

Parabéns pela postagem! Abraço cordial. Laerte.