Escuta
Richard o silêncio da minha alma neste pequeno regato que sou de
águas tranquilas a serpentear por entre vales e montanhas até me juntar
ao Reno. Debruça-te na Mittlere Bruecke e fecha os olhos. Escuta-me.
Consegues Richard, escutar o meu silêncio por entre o barulho das águas?
Liquefeita a minha essência cruza a ponte sob os teus pés, para que me
sintas mais perto.
Dei tantas voltas para chegar até aqui. Nasço sempre no tempo errado Richard. Nunca o tempo encaixou nos meus anseios. Vou e volto, e volto a nascer por engano. Ou cedo demais, ou tarde demais. Chove Richard. Chove na imensidão de tudo. A água torna-se cada vez mais ácida e eu vou ganhando raízes nas margens, e a minha solidão expande-se ao longo de todo o Reno, e no prolongamento das minhas mãos, tão cheias de caricias, de beijos e de promessas, nesta sede de amar tudo de uma só vez.
Agora que dividi o meu silêncio em dois, entre nós dois, regressa ao teu quarto de hotel Richard. Estás molhado. Assim como toda a Basileia, onde a noite já desceu de mansinho. Vai. Os relógios nunca param!... Fica sempre tanta coisa por dizer, e tanta coisa por fazer. Vai. Até deixares de me escutar nas águas. Permanecerei aqui até se esgotar o som dos teus passos e se apagar a luz da tua sombra...
©Margusta Loureiro
in( Cartas para Richard...)
*reservados todos os direitos de autor de texto e imagem.
(livro a editar)
Dei tantas voltas para chegar até aqui. Nasço sempre no tempo errado Richard. Nunca o tempo encaixou nos meus anseios. Vou e volto, e volto a nascer por engano. Ou cedo demais, ou tarde demais. Chove Richard. Chove na imensidão de tudo. A água torna-se cada vez mais ácida e eu vou ganhando raízes nas margens, e a minha solidão expande-se ao longo de todo o Reno, e no prolongamento das minhas mãos, tão cheias de caricias, de beijos e de promessas, nesta sede de amar tudo de uma só vez.
Agora que dividi o meu silêncio em dois, entre nós dois, regressa ao teu quarto de hotel Richard. Estás molhado. Assim como toda a Basileia, onde a noite já desceu de mansinho. Vai. Os relógios nunca param!... Fica sempre tanta coisa por dizer, e tanta coisa por fazer. Vai. Até deixares de me escutar nas águas. Permanecerei aqui até se esgotar o som dos teus passos e se apagar a luz da tua sombra...
©Margusta Loureiro
in( Cartas para Richard...)
*reservados todos os direitos de autor de texto e imagem.
(livro a editar)
3 comentários:
Um texto com um imaginário e uma estética muito belos...
Um beijo.
Ouvi o vento e a música
Procurando um porto na madrugada
Ouvi a chegada de um navio
Julguei sentir uma voz amada
Meu Armando, meu amor...
Uma criança jogando lama ao meio dia
Embrenhada e perdida na alma
Com rimas colorindo pálpebras de nostalgia
Doce beijo
Tudo maravilhoso .
Um forte abraço amiga.
Enviar um comentário