quarta-feira, 30 de setembro de 2015

Estou tão longe...

Já não te encontro nas minhas insónias. 
Estou tão longe...
E no lado avesso do coração.
apenas o gesto grotesco da tua partida persiste. Todos os dias!
Todos os dias imperdoável . Até que o seja...
Perdão...
Estou tão longe...
Adeus !

©Margusta Loureiro
*reservados todos os direitos de autor de texto e imagem.

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Apaguei as Caravelas dos Olhos...

Espelhada nas pupilas a eternidade
foi dor de uma lágrima que correu veloz
agora alago-me de paz na serenidade
que me leva a caminho da foz.

Nascem-me na íris, os arcos em séries,
explosão colorida na ternura dos sonhos,
pois já não temo as intempéries
apaguei as caravelas dos olhos.

Na garganta o choro que já não dói
abafado nos lábios foi ultimo suspiro
junto à fronteira da desilusão.

E a tristeza ácida já não me corroí
afogou-se nas águas agitadas de um rio
pelos passos vermelhos da própria paixão.

© Margusta Loureiro
*reservados todos os direitos de autor.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Cartas para Richard...



Volto Richard nas palavras à tanto tempo prometidas, volto ainda das viagens em que te acompanhei na distância, e nas melodias que o silêncio dos dias engoliu.
Mas volto acima de tudo, no brilho profundo dos teus olhos e nos fios de luz que os habitam, porque neles a vida faz-se ternura quando o sol escala os dias.

Porque estradas viajamos Richard?
Quantas lágrimas de solidão se têm afundado na lama dos caminhos?
Que é feito da promessa das palavras?
Quantas guardamos e acabamos por perder...

Pudesse eu desfragmentar o tempo, transpor o negro das paredes de xisto que nos separaram das estações, encurralar a alma no coração e fazer-te renascer na minha boca adormecida.
Pudesse eu roubar-te à vida que me roubas.
No labirinto do ser persistem marcas de pegadas por entre ruínas e espectros.

Queria arrepiar os pensamentos, sem drama ou dor, e restaurar as imagens. Respirar nos teus pulmões, adormecer no teu peito, e pedir à eternidade para se escrever nesse momento.

Volto sempre Richard no instante em que parto e sempre que a escuridão me resgata à luz de cada entardecer.
E ganho tudo, e perco tudo.
Fica-me apenas a poeira dos sonhos repetidos, a pairar dentro das memórias...

© Margusta Loureiro
in "Cartas para Richard..."
*reservados todos os direitos de autor de texto e imagem.
(livro a editar)

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Cartas para Richard...



Escuta Richard o silêncio da minha alma neste pequeno regato que sou de águas tranquilas a serpentear por entre vales e montanhas até me juntar ao Reno. Debruça-te na Mittlere Bruecke e fecha os olhos. Escuta-me. Consegues Richard, escutar o meu silêncio por entre o barulho das águas? Liquefeita a minha essência cruza a ponte sob os teus pés, para que me sintas mais perto.
Dei tantas voltas para chegar até aqui. Nasço sempre no tempo errado Richard. Nunca o tempo encaixou nos meus anseios. Vou e volto, e volto a nascer por engano. Ou cedo demais, ou tarde demais. Chove Richard. Chove na imensidão de tudo. A água torna-se cada vez mais ácida e eu vou ganhando raízes nas margens, e a minha solidão expande-se ao longo de todo o Reno, e no prolongamento das minhas mãos, tão cheias de caricias, de beijos e de promessas, nesta sede de amar tudo de uma só vez.
Agora que dividi o meu silêncio em dois, entre nós dois, regressa ao teu quarto de hotel Richard. Estás molhado. Assim como toda a Basileia, onde a noite já desceu de mansinho. Vai. Os relógios nunca param!... Fica sempre tanta coisa por dizer, e tanta coisa por fazer. Vai. Até deixares de me escutar nas águas. Permanecerei aqui até se esgotar o som dos teus passos e se apagar a luz da tua sombra...

©Margusta Loureiro
in( Cartas para Richard...)
*reservados todos os direitos de autor de texto e imagem.
(livro a editar)